Muitos perguntam se vale a pena sair do Brasil e sobre o que é preciso fazer para ir viver no exterior. Independente de qual o motivo que esteja levando a ir para fora do país, é preciso que você faça com estratégia. Há muitos picaretas de internet vendendo sonhos e criando expectativas realistas.
Vale a pena sair do Brasil?
Se você está se perguntando se sair do Brasil vale a pena, deve estar pensando nos prós e contras desta decisão, na quantia de dinheiro a juntar, com o que trabalhar e num turbilhão de perguntas que povoam a mente de quem pensa em emigrar.
Quando alguém me pergunta se vale a pena sair do Brasil, eu sempre respondo: depende das circunstâncias em que você se encontra. Antes de tudo, por que você pensa em morar fora do Brasil? Melhores salários? Viver com segurança? Melhor educação e escola para seus filhos? É um projeto temporário ou permanente?
Se você está ferrado no Brasil sem nenhuma perspectiva de crescimento profissional e financeiro, vivendo numa área barra pesada, é compreensível que você queira ir embora. Contudo, vale lembrar que nem todo o Brasil é assim, não podemos enquadrar um país continental em meia-dúzia de recortes.
Se você está acostumado com a periferia de São Paulo ou Rio de Janeiro, você pode não ter idéia de que existem boas regiões para se viver no Brasil, com criminalidade menor que nas regiões metropolitanas, custo de vida razoável e boa infraestrutura. Cidades como Gramado, Balneário Camboriú, Curitiba, João Pessoa podem ser retratadas como um “Brasil 2.0”, como diria o youtuber Rafael Scapella.
Valeria a pena sair de uma boa região do Brasil para viver no perrengue no exterior? Claro que não! A mais pura verdade é que muitos que postam fotos de “olhem, tô na Europa” tem uma vida longe de ser glamurosa. Trabalho duro, baixos salários, pouco domínio do idioma, choques culturais, desafios com a burocracia e leis de imigração sempre estão presentes no dia a dia do imigrante.
Nunca subestime os desafios que irá encontrar morando fora do Brasil e no que você faria no pior dos cenários. Se der certo, maravilha. Porém, e se as coisas no exterior não saírem como o planejado? Por isto, elenco abaixo pontos a considerar na decisão de sair do país.

O que preciso fazer para sair do Brasil?
O primeiro passo para sair do Brasil é ter estratégia. A pior coisa que você pode fazer ao sair do país é ir sem nenhum plano, sem profissão e sem dinheiro. Esqueça o modo “vai na fé e deixa a vida me levar”. Sem planejamento ao começar a vida no exterior, você vai quebrar a cara.
Então, eu listo estes pontos que você precisa considerar ao planejar a sua saída do Brasil.
Definir os Países para Onde Deseja se Mudar
Para quais países você pensa em viver? Por que estes países? Você fala bem o idioma local? Você se adaptaria ao país? Viver no país é uma experiência completamente diferente de ir a turismo. Como turista, você tem tempo apenas para a fase da curtição.
Já vivendo no país, você vai experimentar o lado bom e o lado ruim que todo lugar tem. Outras culturas, outras mentalidades e regras de se viver em sociedade. É normal passar por um choque cultural, assim como dificuldade de se adaptar ao clima, à comida, às formas de socializar, etc.
Tenha pés no chão, se informe sobre a situação econômica e as possibilidades de fazer dinheiro. Para quem pensa em pé-de-meia, os melhores países nos dias de hoje são os EUA e Austrália. De nada adianta ir com expectativas de faturar alto na Europa Ocidental, onde a economia é engessada, os salários são baixos ou medianos e os impostos muito altos.

Estudar os Tipos de Visto e Regras de Imigração
A maioria dos brasileiros no exterior está em situação ilegal, é a mais pura verdade. Contudo, não recomendo ir ilegalmente, para muitos, é uma roubada. Pesquise nos sites das embaixadas, dos consulados, do ministério de imigração e demais autoridades competentes dos países para onde você considera ir.
Cada país tem suas regras de imigração e tipos de visto. É importante estudar os prós e contras de cada tipo de visto para planejar o seu processo imigratório. Dependendo das regras, é possível que você tenha de estudar e desembolsar uma considerável quantia de dinheiro por alguns anos para obter uma residência permanente.

Informar sobre a Cultura de Trabalho no País de Destino
Ao pisar num outro país, praticamente tudo será diferente e um dos seus maiores choques tende a ser no ambiente de trabalho. Desde a forma de se relacionar com o chefe e com colegas de trabalho, os procedimentos de pagamento e os requisitos de qualificação profissional podem parecer coisa de outro planeta.
Na maioria dos países mais desenvolvidos economicamente, o trabalho é visto como uma função especializada, como um ofício a ser aprendido. Mesmo em funções braçais que são desvalorizadas no Brasil, os trabalhadores fazem um aprendiz ou curso técnico por 1-2 anos e, uma vez formados, é esperado que saibam executar todas as tarefas do ofício.
Outro ponto a observar é que nos países anglo-saxões e germânicos, a cultura de trabalho costuma ser mais orientada à tarefa, cumprir o objetivo é o que importa de maneira fria e sem enrolação. Na maior parte do mundo, incluindo a América Latina, a cultura de trabalho costuma ser mais orientada a relacionamento, a ponto de a tarefa ficar em segundo plano.

Planejar financeiramente
Emigrar é um projeto caro, sem querer desencorajar o sonho de ninguém. Você não é o primeiro e nem será o último brasileiro que se aventura em terras com custo de vida mais caro e moeda forte enquanto o real só desvaloriza.
Junte pelo menos um trocado para se manter nos primeiros 6 meses enquanto ajeita a nova vida num outro país. Logo na chegada, você terá custo com aluguel, alimentação, transporte e outras despesas essenciais que não serão baratas.
Se for estudar, normalmente já é preciso pagar o curso antes de aplicar para o visto de estudante.

Procure advogados de imigração
Para países com políticas de imigração atraentes, é comum advogados de imigração que auxiliam no processo de aplicação e nas possibilidades de emigrar legalmente.
Antes de contatar um profissional de imigração, verifique o registro nos órgãos competentes do país onde ele atua e esteja preparado sobre os seus objetivos de imigração, já que a consulta pode custar caro.

Qual a forma mais fácil de sair do Brasil?
Há 4 formas “fáceis” de sair do Brasil, mas não tão simples como muitos falam pela internet. O quanto será mais fácil para você se mudar para fora depende dos recursos que você possui, sobretudo dinheiro, fluência no idioma e profissão em demanda no país de destino.
A forma mais fácil de sair do Brasil é ir com um passaporte europeu, que possibilita emigrar com facilidade para todos os países do Espaço Schengen, inclusive aplicar para permissão de residência e de trabalho. Alguns países europeus têm acordos com os EUA, o que pode tornar a entrada na Terra do Tio Sam mais fácil.
Se você trabalha numa multinacional, uma possibilidade é a transferência para uma unidade da empresa no país onde você deseja viver.
Caso você não tenha um outro passaporte e nem trabalhe numa multinacional, o caminho é planejar um processo migratório através de sua profissão e de estudos direcionados para áreas com alta demanda no país de destino, que tem sido o caso da Austrália e do Canadá.
Ir de nômade digital se encaixa para quem trabalha remotamente e tem uma renda suficiente para viver confortavelmente mundo afora em meio às oscilações cambiais desfavoráveis ao real. Como o Brasil tem acordo de isenção de visto com 158 países, o passaporte brasileiro é excelente para este estilo de vida.
Sempre tenha em mente que emigrar é literalmente recomeçar a vida, às vezes do zero, às vezes dando uns passos para trás, dependendo das opções de trabalho, visto e residência permanente. Se você é jovem iniciando a vida profissional, tudo é festa. Agora, para quem já tem alguns anos de experiência profissional, o processo migratório fica mais complexo e mais arriscado.